Dia 14 vamos brincar na rua?

Dina Cortinhas & Cláudia Rodrigues

O Vamos Brincar na Rua regressa com mais uma acção cheia de entusiasmo. Dia 14 de Abril, no Bairro das Estacas, mães, pais, avós, tios ou simples entusiastas da vida ao ar livre e das brincadeiras na rua estarão no Bairro das Estacas com as suas crianças para nos lembrarem que o espaço público deve ser vivido intensamente. Todos ganhamos. Em saúde, em boa disposição e em criatividade. E as crianças agradecem, porque vivem mais felizes, mais livres, mais seguras de si e do seu mundo.

O Viver Alvalade, que considera esta uma actividade inclusiva relativamente à vida do e no bairro, foi até ao Café Vá-Vá conversar com uma das promotoras do projecto: Ana Passos e Sousa.

Promotoras do projecto

A Ana, que nos esperava com os seus três filhos na esplanada, conta que este é um projecto que nasceu há cerca de um ano, em parceria com mais duas mães de Alvalade, a Nádia Morais e a Guida Veiga. Em conjunto fazem parte de um grupo de facebook intitulado Mães da Avenida de Roma, fórum onde se conheceram. A Ana é psicóloga clínica e tem como função a direcção de uma creche e jardim infantil. A Nádia trabalha em comunicação e a Guida é investigadora na área da motricidade humana. Três áreas com interesses comuns, que confluíram para uma ideia chave: as nossas crianças já não brincam na rua livremente; o brincar livremente, sem a estruturação dos adultos, é cada vez mais escasso e, consequentemente, o desenvolvimento das crianças é menos rico, menos intuitivo e menos criativo. Mais, a Ana chama à atenção para o seguinte: “se nada fizermos e se não trouxermos as nossas crianças para a rua, independentemente do sol ou do frio, não estaremos a contribuir para que a vida em comunidade exista nos nossos bairros, para o sentimento de solidariedade e entreajuda seja parte integrante do nosso dia a dia, não estaremos a contribuir para o ambiente de segurança dos nossos sítios e das nossas pessoas”. Na verdade, sublinha, “é tudo isto a que almejamos chegar com o Vamos Brincar na Rua.”

O evento do dia 14 de Abril é mais um momento e uma oportunidade para difundir e reforçar esta mensagem e para ajudar as crianças do bairro a terem espaços de liberdade, de crescimento autónomo e repleto de vida. Vai acontecer entre as 10 e as 13 horas e será só e apenas uma manhã dedicada à brincadeira, num dos locais mais icónicos de Lisboa em termos urbanísticos.

Ana diz que o que é expectável para esta manhã é que “as pessoas do Bairro das Estacas se conheçam e tragam as suas crianças para brincar livremente na rua, deixando-as interagir livremente umas com as outras – sem condicionalismos. Obviamente que, com atenção e em segurança. Mas em liberdade!”.

Recorde-se que o primeiro evento ocorreu no dia 24 de Março, próximo do início da Primavera, no Jardim dos Coruchéus e contou com a realização de uma palestra intitulada “Conversas de Brincar”, na qual participaram Carlos Neto e Frederico Lopes, ambos investigadores da e na Faculdade de Motricidade Humana, e João Franco, pediatra. Durante a tarde entrou em cena o 1,2,3 Macaquinho do Xinês, um projecto que nasceu da cabeça do Frederico Lopes, Ana Rita Fonseca e Rita Frade em resposta ao concurso Faz-Ideias, da Fundação Calouste Gulbenkian e da IES – Social Business School, em Fevereiro de 2016 e que visa estimular a brincadeira das crianças a partir de materiais diversos, designadamente de desperdícios, e não de brinquedos feitos e pensados para o efeito.

RESUMIDAMENTE

Vamos Brincar na Rua

O que é? É um projeto criado para reforçar a vivência em comunidade e criar crianças felizes e mais saudáveis.

Como? Através de oportunidades de brincadeira livre e não estruturada, ao ar livre. Vamos começar por sessões mensais de brincadeira, identificadas neste Roteiro.

Onde? Nos Sítios Amigos de Brincar, os locais identificados como tendo o maior potencial lúdico e onde seja mais provável encontrar companheiros para brincar.

Para quê? Para que todos conheçam melhor o bairro e as pessoas que o habitam, para que as crianças possam brincar em liberdade e segurança, para promover mais atividade física, social, emocional e motora.